ENGULA O CHORO OU QUER APANHAR?

Engole o choro! quem nunca ouviu isso quando era criança? ultimamente tenho ouvido isso…acho que é o meu Eu adulto falando pro meu Eu criança, Engole o choro!

Ana Paulino http://pensador.com/autor/ana_paulino/

Num post anterior comentei sobre o quanto chorar faz bem e é essencial, também comentei sobre a famosa expressão: “Engula o choro”.

Geralmente era proferida pelos pais, após uma bronca enorme ou uma surra bem dada em que a criança está se desmanchando em lágrimas.

Também, com esse imperativo, muitas vezes vinham outras ameaças: “se não parar agora vou te bater mais e assim você terá motivos pra chorar”. Ou então: “se alguém perguntar o porquê está chorando e você responder que apanhou, vai apanhar mais ainda”. E muitas outras frases assim.

Você tinha que optar em chorar e aliviar sua dor e ser penalizado ou engolir. E você engoliu inúmeras vezes. Muitas vezes não havia ninguém para te ajudar ou socorrer.

Os efeitos dessa fase vão além da infância, permanecem na memória para sempre, já na fase adulta, cheios de cicatrizes, o ato de engolir agora é quase automático, você segura o choro pois sabe que poucos querem saber da tua dor e te ajudar, mas muitos só te julgarão.

Viu que bola de neve?

Transtornos agora são evidentes, de tantas coisas que engoliu por tanto tempo, agora são evidenciados em forma de dores, doenças e ouso ser específica, em câncer.

As doenças são reais, fruto da somatização de sentimentos dolorosos, sua saúde esta descontrolada e muitos “desumanos zombam e dizem que você só vive doente”, mas não conhecem sua história para saber o que te fez adoecer.

Então, por medo de julgamentos assim você se fecha mais ainda e às vezes nem vai procurar ajuda, não quer mais julgamento e começa a “aceitar como verdade tudo que te dizem”, indo para o fundo do posso.

Caramba, foi somente uma ordem: “engula o choro” e fez tanto estrago? Sim. Essa pessoa não pode expressar seus sentimentos, chorar sua dor para assim superar, não aprendeu a aliviar suas emoções e etc.

Hoje, quando vejo uma pessoa chorando, mesmo não sendo meu paciente procuro me aproximar e solidarizar com a mesma, ter empatia e respeito. Falo que chore o tanto que for necessário, até ”brinco”, se precisar choro junto.

Também oriento crianças nesse momento a irem para o quarto e chorarem até não querer mais, depois, mais tranquilas, às vezes até sento no quarto ou próximo da porta, para garantir que ficarão bem; então se pode ter a conversa, assim essa criança pode expressar sua dor e frustração sem agredir ninguém. Sentirá sendo respeitada.

Os pais ou responsáveis então poderão aplicar o restante da disciplina, também conhecerão suas crianças e as mesmas os respeitarão. Aqui a porta para um diálogo respeitável foi aberta.

Para encerrar, a criança ferida é o adulto ferido, se essa criança for tratada o adulto será saudável. Mas se não houve tratamento, não se preocupe, procure ajuda profissional para superação dessa dificuldade. E chore! Lava a alma.

Por Dra Évelin Souza

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